Em declaração nesta quarta-feira, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, admitiu que autorizou operações secretas da Agência Central de Inteligência (CIA) dentro da Venezuela e falou pela primeira vez sobre a possibilidade de incursões terrestres contra supostos cartéis de drogas venezuelanos. A confirmação marca uma escalada notável na postura americana contra o governo de Nicolás Maduro.
O que foi confirmado
- Trump afirmou que permitiu que a CIA operasse “secretamente” na Venezuela, como parte de uma estratégia para conter o tráfico de drogas e “pressionar” o regime de Maduro.
- Ele também admitiu que seu governo está “estudando ataques terrestres” contra cartéis venezuelanos, embora não tenha detalhado quando ou com qual escala tais operações poderiam ocorrer.
- Nos últimos meses, a Casa Branca já havia autorizado ataques marítimos a embarcações suspeitas de traficar drogas a partir da costa venezuelana — ao menos cinco desses ataques teriam resultado na destruição de barcos e na morte de 27 pessoas.
- Trump defendeu que esses ataques marítimos são menos eficientes do que operações em terra e insinuou que o método poderia evoluir para confrontos terrestres.
Contexto militar e legal
Desde agosto de 2025, os EUA deslocaram recursos consideráveis para a região sul do Caribe, com navios de guerra, submarinos e fuzileiros navais, como parte de uma mobilização naval de pressão contra rotas de tráfico.
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Em 2 de setembro, um dos ataques mais notórios envolveu um barco atribuído ao grupo venezuelano Tren de Aragua. A Casa Branca afirmou que o navio estava transportando drogas e que 11 pessoas morreram no ataque aéreo.
No entanto, até o momento, o governo dos EUA não divulgou provas independentes que confirmem a presença de drogas ou armas nos barcos atacados — o que reforça o caráter controverso e nebuloso das operações.
Do ponto de vista jurídico, muitos especialistas argumentam que incursões da CIA ou operações militares terrestres em território venezuelano, sem autorização internacional ou sancionamento do Congresso dos EUA, podem configurar violação da soberania venezuelana e normas do direito internacional.
Reações e riscos
- No Congresso dos EUA, membros dos partidos Democrata e Republicano expressaram preocupação com a legalidade e a falta de transparência da ação, alguns chegando a classificá-la como ato de guerra não autorizado.
- Na Venezuela, o governo de Maduro condenou a estratégia americana como agressiva e ilegal, e mobilizou suas Forças Armadas e milícias para responder a qualquer incursão.
- Para a comunidade internacional, o episódio reacende debates sobre a intervenção militar entre estados e o papel dos EUA na América Latina — especialmente em momentos de fragilidade diplomática regional.