LUTO NO JORNALISMO BRASILIENSE: Morre Luiz Recena Grassi aos 73 anos

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Faleceu na madrugada desta terça-feira, por volta das 00h29, o jornalista Luiz Recena Grassi, aos 73 anos, em Brasília. Recena enfrentava problemas de saúde, sob cuidados médicos, segundo informações da família.

A confirmação da notícia provocou reverência e pesar no meio jornalístico. Figura que atravessou décadas de transformações da mídia brasileira, Recena deixa legado marcado por coragem, ousadia e uma intensa presença editorial em meios impressos, rádio, televisão e correspondência internacional.


Uma trajetória construída no risco e no conhecimento

Natural de Santa Maria (RS), Recena formou-se em Comunicação Social pela Universidade Federal de Santa Maria em 1975. Sua carreira, que ultrapassou quatro décadas, foi pontilhada de episódios emblemáticos e coberturas em cenários extremos e gestas políticas.

Durante o período de 1986 a 1997, atuou como repórter especial do Correio Braziliense, tendo passado temporadas como correspondente em Moscou — nos anos da Perestroika — e também em Paris. Ali, foi o primeiro jornalista brasileiro a ingressar na usina de Chernobyl após o desastre nuclear. Cobriu crises internacionais, entrevistou líderes como Mikhail Gorbachev, Fidel Castro e Fernando Henrique Cardoso, esteve na Faixa de Gaza e dialogou com ícones como Gabriel García Márquez.

Em 1998, Recena assumiu novos desafios: passou a ocupar a direção de redação da Gazeta Mercantil e, simultaneamente, liderou o comando regional das sucursais em Brasília, Recife e Rio de Janeiro. Durante esse período, guiou importantes mudanças editoriais e enfrentou os dilemas e transformações da imprensa econômica em plena virada do século.

Também deixou sua marca como colunista e autor — uma de suas obras é Rússia condenada, a primeira guerra mundial, resultado da sua vivência no exterior.

Recena será velado e sepultado em local e horário a serem informados, segundo comunicado da família.


Entre lembranças pessoais e profissionais: Lições compartilhadas

Neste momento de memória e homenagem, cabe dizer que o Jornalismo perde uma grande referência, mas também que muitos que passaram por suas redações continuam conectados a seus ensinamentos.

Permito-me aqui um tom mais pessoal: este jornalista, Hamilton Silva, trabalhou com Luiz Recena nos anos de 1997, 1998 e 1999 na redação da Gazeta Mercantil. Foi ali, sob sua supervisão e convívio no dia a dia, que aprendi muito sobre a dureza e a delicadeza da nossa profissão — como apurar com rigor, respeitar fontes, equilibrar prazos e cuidar da dimensão humana das histórias. Apesar de ainda não ser jornalista foi naqueles anos que me apaixonei definitivamente pela arte e pela maneira como o jornalismo transforma vidas. Foi por inspiração de Recena que amo o jornalismo.

Botafoguense incurável, Recena tinha um sorriso largo e gigante assim como seu coração. Implacável com seus adversários, mais doce de humor ácido Recena viverá em minha lembrança como homem forte e generoso.


O legado que segue em pauta

Luiz Recena deixa esposa — a também jornalista Rozane Oliveira —, dois filhos (Jaime Recena e Diego Recena) e sobras de afeto e admiração no ecossistema da imprensa nacional. Sua obra e trajetória permanecem como pontos de referência para profissionais, estudantes e leitores que acreditam no poder transformador da informação.

Mais do que lamentar sua partida, cabe celebrar sua vida — e, sobretudo, renovar o compromisso com o jornalismo que ele ensinou a tantos colegas.

Que o exemplo de integridade, curiosidade e coragem de Luiz Recena continue iluminando redações e consciências.


 

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