A CPMI do INSS escalou a pressão sobre o governo federal ao anunciar que deve votar, já na próxima semana, a convocação de José Ferreira da Silva, o Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A demanda foi classificada como “urgente” pelo presidente do colegiado, senador Carlos Viana (Podemos-MG), após mais uma sessão marcada por silêncio e evasivas do Sindicato Nacional dos Aposentados.
No alvo da comissão estão as ligações do Sindnapi — do qual Frei Chico é vice-presidente — com o esquema de descontos e filiações questionadas que atingiram aposentados e pensionistas do INSS. O pano de fundo político é evidente: quanto mais a cúpula do sindicato evita respostas, mais cresce a cobrança para que o irmão do presidente dê explicações, sob pena de o Planalto ver a crise respingar no coração do governo.
Durante a oitiva desta quinta-feira (9/10), o presidente do Sindnapi, Milton Baptista, calou em série diante dos questionamentos dos parlamentares. O gesto irritou a comissão e alimentou a tese de que só um depoimento de Frei Chico poderá esclarecer o alcance de suas funções e eventuais influências nas decisões do sindicato.
O relator, deputado Alfredo Gaspar, sustenta que há indícios de conflito de interesses e quer esclarecer se a parceria firmada em 2023 entre o INSS e o Sindnapi, com Frei Chico já na direção, fere a legislação. A base governista tenta desacelerar, mas a direção da CPMI promete colocar o requerimento em votação imediatamente.
A convocação, se aprovada, recoloca o governo Lula na defensiva em um tema sensível: proteção aos aposentados e transparência em convênios com entidades de classe. Para a oposição, o caso virou teste de integridade do sistema; para o Planalto, um incêndio político em área seca — qualquer faísca pega.
Próximos passos: a comissão deve deliberar sobre o pedido na próxima semana. Se aprovado, Frei Chico terá de comparecer para explicar sua atuação no sindicato e sua participação — ou ausência dela — em decisões sob suspeita. O cronograma da CPMI, por ora, está ajustado para acelerar convocações consideradas-chave.
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Hamilton Silva