Moraes barra bispo em grupo de oração na casa de Bolsonaro e acende disputa sobre limites da liberdade religiosa
O ministro Alexandre de Moraes negou a inclusão do bispo Robson Rodovalho (Sara Nossa Terra) no grupo religioso autorizado a visitar Jair Bolsonaro em prisão domiciliar. A defesa havia pedido a entrada do líder evangélico para uma reunião de oração, amparando-se na Lei 7.210/1984, que assegura assistência religiosa a pessoas privadas de liberdade. Moraes disse ver risco de “desvio de finalidade” e rechaçou ampliar o grupo para visitas que não foram formalmente solicitadas. Na prática, o STF puxa o freio de mão em qualquer gesto que possa ter leitura política — até quando o rótulo é “oração”.
O pedido foi feito no dia 19 para um encontro previsto no dia 24. Rodovalho, além de pastor influente em Brasília, já foi deputado federal pelo DF. Sua presença, portanto, carregaria peso simbólico e mobilizador. O veto mira justamente esse ponto: impedir que a agenda religiosa vire ato de solidariedade política com efeito de palanque.
Há um impasse jurídico evidente. A lei garante o culto e o atendimento por representantes religiosos — um direito que não depende da simpatia do juiz, do réu ou do credo. O STF, porém, quer controlar o “como” e o “quem”, alegando proteger a finalidade do grupo. Quando o filtro vira fino demais, o risco é criar um precedente para negar visitas legítimas sob o argumento de “potencial uso político”. Em bom português: dá para assegurar a neutralidade sem esvaziar o direito?
O recado institucional é claro: nada de transformar a casa do ex-presidente em vitrine. O preço, contudo, é acirrar a percepção de hipercontrole do Judiciário sobre a rotina de uma prisão domiciliar — inclusive sobre a esfera espiritual do preso. Para quem defende garantias individuais, o caso passa a ser teste de estresse: preservar a assistência religiosa sem abrir brecha para espetáculo político. É possível? É. Mas exige critério transparente e regra impessoal — não um gabarito que mude conforme o personagem da notícia.
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