Na tribuna da Câmara, Alberto Fraga (PL-DF) anunciou que José Roberto Arruda pode ser o candidato do PL ao Palácio do Buriti. A cena é conhecida: o ex-governador foi o epicentro da Operação Caixa de Pandora (2009), flagrado em vídeo recebendo dinheiro, preso em 2010 por tentar obstruir a investigação, renunciou ao cargo e virou símbolo de um DF ferido pela corrupção.
Declarado inelegível em eleições passadas com base na Ficha Limpa, só voltou ao jogo agora em 2025, amparado por reviravoltas judiciais que ainda não findaram.
A proposta está sob a mesa de Lula para ser assinada, caso valide Fraga e Arruda celebram.
Mas qual fato que indignou Fraga e o levou a defender Arruda publicamente? A aproximação de Valdemar da Costa Neto que sinaliza uma composição entre MDB-DF e seu partido. Fraga não engole a derrota para Ibaneis em 2018 onde praticamente encerrou a possibilidade de governar do DF um dia.
Cabe refrescar a memória dos verdadeiros conservadores e patriotas do PL que o casal Arruda quase inviabilizou a eleição de Damares Alves (Republicanos). Alguns analistas afirmam categoricamente que houve interferência de Ibaneis Rocha no sucesso da senadora eleita.
Alberto Fraga aplaude. Valdemar da Costa Neto e Bia Kicis oferecem guarida e se omitem. E a ala que se diz intolerante à corrupção? Vai engolir mais essa, desde que o réu seja “do time”? Ficha limpa no slogan e ficha corrida no palanque — é essa a régua?
O DF precisa de debate sério e de nomes que não arrastem de volta o pior capítulo da política local. Normalizar Arruda é rebaixar o sarrafo ético que Brasília custou a reconstruir.
Por: Hamilton Silva – Editor-chefe do portal DFMobilidade, jornalista e economista
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