Na esteira de novos atritos internos, servidores do IBGE acusam o presidente Márcio Pochmann de tentar impor um novo estatuto ao órgão sem debate público interno. A proposta teria sido apresentada no início de setembro, em reunião virtual, e publicada na intranet para “colher opiniões”, sem espaço para discussão coletiva, segundo a entidade representativa dos trabalhadores.
O Sindicato Nacional dos Trabalhadores do IBGE (ASSIBGE-SN) convocou reação e apoiou uma Nota Técnica nº 1/2025 — elaborada por áreas de planejamento e organização do próprio instituto — que classifica a minuta como um risco de “destruição institucional”. Entre os pontos sensíveis citados estão o enfraquecimento do perfil técnico da direção, centralização burocrática, retirada de competências e aumento de dependência tecnológica de terceiros (como o Serpro).
A movimentação reacende o debate sobre a autonomia técnica do IBGE. Documentos públicos do próprio instituto reforçam que mudanças estruturais devem resguardar os Princípios Fundamentais das Estatísticas Oficiais — imparcialidade, independência profissional e igualdade de acesso — e observar boas práticas consolidadas. Em outras palavras: reforma pode haver, mas sem comprometer a credibilidade estatística.
O caso ocorre após uma sequência de desgastes entre a gestão e o corpo técnico ao longo de 2025, com cartas de servidores, críticas públicas e embates noticiados na imprensa, o que elevou a temperatura política em torno do IBGE no governo federal.
Até a última atualização desta reportagem, não havia posição específica publicada pelo IBGE sobre a minuta do novo estatuto. Em comunicados anteriores, a presidência do instituto defendeu ajustes e transparência na gestão, mas sem tratar do mérito dessa proposta.
A ASSIBGE-SN articula assembleias e debates para consolidar a posição da categoria. Servidores pedem que qualquer reestruturação respeite a tradição técnica do órgão e seja submetida a amplo escrutínio interno — antes de avançar.
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