A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga fraudes contra aposentados no INSS deve votar, nos próximos atos, requerimentos para ouvir o advogado Enrique Lewandowski, filho do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski. A convocação é defendida por membros da oposição sob alegação de possível conflito de interesses e tentativa de blindagem de entidades sob investigação.
O senador Izalci Lucas (PL-DF) apresentou pedido para que Enrique explique sua atuação em favor de associações apontadas por órgãos de controle como protagonistas dos descontos indevidos em benefícios previdenciários. Em paralelo, há requerimento de convocação protocolado pelo senador Marcos Rogério (PL-RO), o que reforça a pressão para que o depoimento ocorra.
A defesa de Lewandowski Filho sustenta que sua contratação se limitou a questões administrativas, sem qualquer interface criminal ou intervenção no Ministério da Justiça. O ministro Ricardo Lewandowski, por sua vez, já negou conflito de interesses e afirmou não haver atuação do escritório do filho no âmbito da pasta.
Documentos públicos mostram que, em 20 de dezembro de 2024, Enrique participou de reunião no INSS como advogado de uma das entidades investigadas. O encontro ocorre no contexto de uma crise que, em 2025, levou a Controladoria-Geral da União e a Advocacia-Geral da União a adotarem medidas de amplo alcance — inclusive com bloqueio de bens de investigados e suspensão de acordos que autorizavam descontos em folha.
A CPMI já aprovou convocações de familiares e sócios de investigados e tem acumulado mais de 900 requerimentos. A oitiva de Enrique Lewandowski, se confirmada, será termômetro da disposição do Congresso em avançar sobre suspeitas que tocam o núcleo político do governo. Para as bancadas críticas ao Planalto, o caso testa o discurso oficial de transparência; para a base governista, é preciso evitar espetacularização e respeitar garantias legais.
Próximos passos dependem da deliberação do colegiado. Caso aprovado, o depoimento deve esclarecer o alcance dos contratos advocatícios, eventuais tratativas com órgãos federais e as razões para a atuação junto às entidades hoje sob investigação.
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