Arruda busca acordo com o PT e reacende rejeição no DF. Rumores de sua saída do PL parece ser ainda mais real depois desse encontro.
A política de Brasília acordou com mais uma cena improvável: José Roberto Arruda participou, na Vila Telebrasília, de uma reunião discreta com Leandro Grass, pré-candidato do PT ao GDF. O encontro, para cerca de 20 pessoas, acendeu especulações sobre uma composição eleitoral entre dois campos que, até ontem, se vendiam como antagônicos. Nas redes, a reação foi imediata: “ficha suja é sempre ficha suja”, resumiram críticos, cobrando transparência sobre o que está sendo negociado — e com que contrapartidas.
Quem é Arruda hoje
Arruda é um político experiente, protagonista de escândalos que o tornaram inelegível em ciclos passados com base na Lei da Ficha Limpa. O histórico inclui a Operação Caixa de Pandora, a prisão em 2010 e uma sequência de processos e condenações que corroeram sua credibilidade pública. A tentativa de se reposicionar através de uma ponte com setores da esquerda soa, para parte do eleitorado, como puro pragmatismo de sobrevivência — mais cálculo do que convicção.
O que está em jogo
Uma composição desse tipo envia duas mensagens ruins ao contribuinte do DF: 1) que a coerência programática vale menos do que tempo de TV e palanques; 2) que a velha política busca, no tapete das conversas reservadas, uma anistia moral que as urnas teimam em negar. Se há negociação, que seja às claras — com agenda, propostas e métricas — e não em salas pequenas onde a única transparência é a do copo d’água.
As controvérsias de Leandro Grass
Grass, por sua vez, também não chega a essa conversa sem bagagem. Eis os pontos mais questionados por adversários e por parte do setor cultural e produtivo:
• Trocas de legendas e filiação recente ao PT, apadrinhada em ato político, que alimentaram críticas de oportunismo.
• Passagem por órgão federal de patrimônio com decisões contestadas por “politização e aparelhamento” e por conflitos com licenciamento e obras, gerando atritos com produtores culturais, empreendedores e gestores locais.
• Discurso moralista contra a “velha política” seguido de aproximações com quadros tradicionais do DF, lido como contradição entre retórica e prática.
• Atuação digital combativa que, não raro, elevou a temperatura do debate e encurtou pontes com atores institucionais de que ele próprio hoje precisa.
Por que a foto pesa
A imagem conjunta é simbólica: transforma o que seria um diálogo republicano em sinal de arranjo eleitoral. Para o eleitor comum — que lida com ônibus lotado, insegurança no bairro e orçamento curto — pouco importa quem sentou ao lado de quem; interessa saber qual proposta melhora a vida real. Enquanto isso não é dito com clareza, a reunião vira ruído. E ruído, em política, costuma custar caro.
Perguntas que precisam de resposta
- Qual a pauta programática objetiva dessa aproximação?
- Haverá compromisso público com metas verificáveis (mobilidade, saúde, transparência e integridade)?
- Como cada lado pretende blindar a administração de práticas que já feriram o DF no passado?
Em tempo: coerência não é luxo — é política básica. Se a aliança prosperar, que venha acompanhada de compromissos escritos e mecanismos de controle social. Essas raposas felpudas sabem bem com “seduzir o eleitor “. Sem isso, é só mais um “acordão” embalado em foto bonita. E Brasília já viu esse filme enlameado!
Parece que vale tudo só para TOMAR O PODER!
Hamilton Silva — jornalista e economista, editor-chefe do DFMobilidade, diretor da Associação Brasileira dos Portais de Notícias (ABBP) e vice-presidente do Rotary Club de Brasília
Siga o DFMobilidade: instagram.com/dfmobilidade | x.com/dfmobilidade | facebook.com/dfmobilidade | youtube.com/dfmobilidade