Lula recorre a Macron contra tarifaço de Trump e tenta escudo europeu para crise comercial
Em ligação nesta quarta-feira (20.ago.2025), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva telefonou para Emmanuel Macron para repudiar as tarifas impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros e relatar a ofensiva do governo brasileiro na OMC. Segundo relato oficial, Lula classificou as sobretaxas como “injustificadas” e informou o pedido de consultas na Organização Mundial do Comércio.
O contexto é adverso: a Casa Branca elevou a 50% as tarifas sobre a maior parte das importações brasileiras, amparada por ordem executiva de 30 de julho. Um dia antes da ligação, Washington aceitou abrir consultas na OMC após queixa do Brasil — etapa inicial de uma disputa que pode se arrastar.
No diálogo, Lula também tentou reativar o moribundo acordo Mercosul–União Europeia “até o fim do ano”. Mas a França segue resistente a concessões que afetem seu agronegócio — Macron reforçou que qualquer entendimento deve proteger produtores europeus, o que limita o espaço de manobra de Brasília. Em bom português: Lula ligou para Paris, mas a conta continua chegando de Washington.
Enquanto isso, o Planalto anunciou um pacote de crédito para socorrer exportadores atingidos — uma resposta interna que não substitui a diplomacia comercial dura que o setor produtivo cobra. Sem alívio nos EUA, a medida vira paliativo caro.
Para piorar, o próprio Ministério da Fazenda admite impasse político com Washington, que atrela a distensão a temas internos do Brasil — sinal de que telefonemas europeus rendem manchetes, mas não destravam barreiras erigidas pela Casa Branca.
Lula buscou em Macron respaldo político e vitrine internacional, porém o resultado prático depende de negociação direta com os EUA e de uma estratégia consistente na OMC. Sem isso, o “tarifaço” segue valendo — e o custo recai sobre indústria, agro e empregos brasileiros.
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