A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro elevou o tom contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em evento do PL Mulher realizado neste sábado (16), em Natal (RN). Em discurso, ela atribuiu ao governo federal a responsabilidade pelas tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos a parte das exportações brasileiras e chamou Lula de “mentiroso, cachaceiro, pinguço, irresponsável”.
As falas ocorreram enquanto o “tarifaço” de 50% já está em vigor desde 6 de agosto, afetando uma fatia relevante das vendas brasileiras ao mercado norte-americano. No dia 11, o Ministério da Fazenda informou que uma reunião pedida com o Tesouro dos EUA para discutir o tema foi cancelada — revés para a estratégia de negociação do Planalto.
Contexto do “tarifaço”. Segundo órgãos oficiais e registros legislativos, a sobretaxa atinge 35,9% dos embarques brasileiros para os EUA — o equivalente a cerca de 4% do total exportado — com foco em itens como café, frutas e carnes. O governo federal afirma que acionou a OMC e prepara medidas de apoio a setores afetados.
Críticas ao BPC. No mesmo discurso, Michelle também atacou mudanças recentes no Benefício de Prestação Continuada (BPC). Pelas regras sancionadas no fim de 2024 e regulamentadas em 2025, houve reforço de controles (biometria obrigatória e atualização do CadÚnico a cada 24 meses), mas o Palácio do Planalto veta que apenas deficiências “grave” ou “moderada” deem direito ao benefício — pessoas com deficiência leve continuam contempladas, desde que cumpram os critérios de renda.
Situação de Jair Bolsonaro. Durante o ato, Michelle disse que o ex-presidente “não pôde estar presente” por estar em prisão domiciliar. Jair Bolsonaro cumpre a medida desde 4 de agosto, por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do STF; neste sábado (16), foi autorizado a sair para exames médicos em hospital de Brasília.
As declarações da ex-primeira-dama ocorrem em meio a uma crise comercial que já produz efeitos concretos sobre exportadores brasileiros, sem que o governo tenha obtido, até aqui, espaço efetivo de negociação com Washington. A combinação de tarifa em vigor, reunião cancelada e medidas internas ainda em formulação mantém pressão política e econômica sobre o Planalto.
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