EUA deslocam mais de 4 mil militares ao Caribe para missão anticartéis; Marinha confirma Iwo Jima ARG em operação

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Os Estados Unidos iniciaram o deslocamento de meios navais e aéreos para o sul do Caribe com o objetivo declarado de ampliar a vigilância e a capacidade de resposta contra cartéis de drogas que operam na América Latina. A operação ocorre após o governo Trump reclassificar grandes facções como organizações terroristas, abrindo espaço legal para empregar instrumentos militares, de inteligência e sanções ampliadas.

De acordo com fontes do Departamento de Defesa, a mobilização inclui a transferência de mais de 4 mil militares — fuzileiros navais (Marines) e marinheiros — para as águas ao redor da América Latina e do Caribe, além do emprego de aeronaves de patrulha P-8A Poseidon, contratorpedeiros, um cruzador e um submarino de ataque para reforçar o Comando Sul (SOUTHCOM). As autoridades frisam que as ações se darão em águas e espaço aéreo internacionais, sem entrada de tropas em território mexicano.

Pilar naval da operação, o Grupo Anfíbio Iwo Jima (Iwo Jima ARG), com a 22nd Marine Expeditionary Unit (MEU SOC) embarcada, zarpou de Norfolk em 14 de agosto, após concluir o exercício de certificação (COMPTUEX) em julho. O pacote soma mais de 4.500 militares distribuídos pelos navios USS Iwo Jima (LHD-7), USS San Antonio (LPD-17) e USS Fort Lauderdale (LPD-28). A Marinha descreve a missão como “implantação regularmente programada” com prontidão para responder a contingências globais.

A dimensão política e jurídica — A designação, em fevereiro, de cartéis como FTOs (Foreign Terrorist Organizations) pelo Departamento de Estado redesenhou o enquadramento jurídico do combate ao narcotráfico, permitindo medidas de pressão equivalentes às usadas contra grupos jihadistas. Entre as organizações designadas estão Sinaloa, Jalisco Nueva Geração, Carteles Unidos, Golfo, Noreste, La Nueva Familia Michoacana, Mara Salvatrucha e Tren de Aragua. A medida, amparada por ordem executiva de 20 de janeiro (EO 14157), é citada por Washington como base para a atual escalada.

Tensões regionais — O governo do México reitera que não permitirá operações militares estrangeiras em seu território, ainda que mantenha cooperação em segurança com os EUA. Analistas alertam para o risco de atritos diplomáticos e eficácia limitada contra redes criminosas descentralizadas, caso a resposta recaia sobretudo no emprego de meios militares.

Impactos para a região (e para o Brasil) — A presença reforçada no Caribe tende a estreitar rotas marítimas e aéreas usadas para escoar cocaína e precursores químicos rumo aos EUA e à Europa, deslocando fluxos e pressionando novos vetores logísticos — inclusive conexões sul-americanas. Autoridades brasileiras acompanham com atenção movimentos de facções transnacionais como o Tren de Aragua, alvo recente de sanções e ações de imigração nos EUA, o que pode provocar efeitos colaterais nas dinâmicas criminais locais e fronteiriças. (Contexto internacional com base nas últimas designações e ações administrativas norte-americanas.)

O que observar a seguir

  1. Regras de engajamento no mar e no ar: como Marinha e Guardacostas dos EUA articularão interdições e vistorias sem violar soberanias; 2) Coordenação com países-chave (México, Colômbia, Caribe): nível de cooperação jurídica e policial será determinante; 3) Eventuais resultados operacionais (apreensões/ prisões), que indicarão se o enfoque militar elevou a eficácia ou apenas deslocou as rotas.

 

 

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