Começou a valer nesta sexta-feira, 1º de agosto, o novo porcentual de etanol misturado à gasolina. A partir de agora, a composição passa de 27% para 30%. O governo anunciou a medida no fim de junho, com a promessa de reduzir os preços nas bombas.
No entanto, ao contrário do discurso oficial, o impacto para o consumidor será mínimo, ou inexistente. Estimativas da Leggio Consultoria revelam que o corte no valor por litro ficará entre 0,2% e 0,3%, o que equivale a cerca de R$ 0,02.
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Distribuidoras de combustíveis e entidades de revendedores também consideram a redução simbólica. A previsão mais otimista, feita pelo próprio governo, falava em economia de até R$ 0,11 por litro. A média nacional do combustível estava em R$ 6,20 na semana passada.
Quando anunciou o aumento da mistura, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que taxistas e motoristas de aplicativo poderiam economizar R$ 1,8 mil por ano.
Associações do setor contestaram a declaração imediatamente. A Paranapetro, por exemplo, classificou a estimativa como “completamente irreal”. Marcus D’Elia, sócio da Leggio, explica o motivo.
“Não tem motivo para o produto ficar mais barato”, disse D’Elia. “O preço do etanol hidratado na bomba é significativamente menor que o preço da gasolina na bomba. Mas essa diferença não ocorre com o anidro, que é de 11% a 14% mais caro que o hidratado.”
De acordo com o Cepea/USP, o litro do etanol anidro saiu das usinas por R$ 2,91 na semana passada. Já o etanol hidratado foi vendido a R$ 2,54. A gasolina da Petrobras, no mesmo período, custava R$ 2,85 por litro nas refinarias.
O aumento do etanol na gasolina foi uma das ações anunciadas pelo governo federal diante da instabilidade internacional no mercado de combustíveis, em especial por causa do Oriente Médio.
Contudo, o impacto esperado não se confirmou, nem no cenário global nem no bolso do consumidor brasileiro. Na mesma linha, o governo decidiu elevar o porcentual de biodiesel no diesel, que sobe de 14% para 15% também nesta sexta-feira.
A mudança já havia sido planejada para fevereiro, mas acabou suspensa por denúncias de fraude e temor de alta no preço dos alimentos. Diferentemente da gasolina, a expectativa agora é de aumento no valor do diesel. A Fecombustíveis calcula uma alta de R$ 0,02 por litro. Outras entidades falam em até R$ 0,03.
O governo diz que, com maior uso de biocombustíveis, o Brasil poderá reduzir as importações. O impacto será pequeno no caso do diesel, já que o país importa cerca de 25% do volume consumido. Mas, na gasolina, o efeito relativo pode ser maior, o Brasil compra do exterior apenas 4% do combustível que consome internamente.
*Informação Revista Oeste