Em 21 de julho de 2025, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarca em Santiago para participar da cúpula “Democracia Sempre”, convocada pelo governo do presidente Gabriel Boric. O encontro reunirá líderes progressistas ibero-americanos com o objetivo de contrapor-se às recentes medidas protecionistas de Donald Trump e reforçar uma agenda comum em defesa da soberania nacional .
A pauta do encontro inclui discussões sobre o uso de tarifas como instrumento político-eleitoral, propostas de taxação de grandes empresas de tecnologia, governança digital conjunta e regulação da inteligência artificial, áreas em que o governo brasileiro vem aprofundando estudos desde 2023, especialmente após o agravamento do embate com os Estados Unidos .
A ofensiva de Trump se materializou em carta oficial prevendo a aplicação de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, medida que, segundo interlocutores do Palácio do Planalto, configura “um dos ataques mais explícitos à democracia” e ingerência nas decisões judiciais do país em defesa de aliados de direita. Em resposta, Lula declarou publicamente que “não tomará ordens de ‘gringo’” para a condução da política econômica brasileira .
Segundo o governo chileno, os cinco chefes de Estado e de governo discutirão uma agenda focada em três eixos: fortalecimento do multilateralismo e da democracia; redução das desigualdades; e combate à desinformação com regulação de tecnologias emergentes .
Além de Lula e de Boric, confirmaram presença o presidente da Colômbia, Gustavo Petro; o presidente do Uruguai, Yamandú Orsi; e o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, com a notável ausência da presidente do México, Claudia Sheinbaum, convidada inicialmente mas não oficializada na lista final .
Planejada desde fevereiro de 2025, a cúpula surge como resposta ao acirramento da polarização regional e às decisões de Trump desde sua posse em janeiro, marcadas por deportações em massa e retórica antiglobalista. Na primeira videoconferência preparatória, os líderes comprometeram-se a coibir o uso malicioso das redes sociais como vetor de extremismo político .
A disputa comercial com Washington também tem repercutido internamente: a escalada tarifária impulsionou a aprovação de Lula junto a eleitores que valorizam a defesa da soberania nacional, reforçando sua posição política pouco mais de um ano antes das próximas eleições presidenciais .
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