Em 7 de julho de 2025, o Ministério dos Transportes, por meio da Infra S.A., e o China Railway Economic and Planning Research Institute assinaram em Brasília um memorando de entendimento para iniciar estudos conjuntos sobre o corredor ferroviário bioceânico que ligará o Atlântico ao Pacífico. A cerimônia teve a presença de representantes de ambas as instituições, marcando a abertura de uma fase técnica de cooperação focada em intermodalidade, sustentabilidade e integração da malha logística nacional .
O termo de cooperação prevê a integração das ferrovias de Integração Oeste-Leste (Fiol), que une Ilhéus (BA) a Mara Rosa (GO); Centro-Oeste (Fico), que vai de Mara Rosa a Lucas do Rio Verde (MT); e Norte-Sul (FNS), de Açailândia (MA) a Estrela d’Oeste (SP). A partir de Lucas do Rio Verde, a futura Ferrovia Bioceânica avançará pela fronteira do Mato Grosso com a Bolívia, cortará Rondônia, seguirá pelo sul do Acre e alcançará o Porto de Chancay, no Peru .
Ao conectar diretamente a produção brasileira ao Porto de Chancay, inaugurado em abril de 2025 e operado pela Cosco Shipping, o projeto visa reduzir a dependência das rotas via Canal do Panamá e encurtar em até duas semanas o tempo de exportação de grãos e minérios para o mercado asiático .
O corredor faz parte do programa Rotas de Integração Sul-Americana, conduzido pelo Ministério do Planejamento e Orçamento e lançado em 2023, que prioriza obras do PAC para integrar modais rodoviários, ferroviários, fluviais e portuários em áreas de fronteira com países vizinhos. Esse é um dos quatro eixos estratégicos acordados entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Xi Jinping em novembro de 2024, ao lado do Novo PAC, Nova Indústria Brasil e Plano de Transformação Ecológica .
A proposta remonta a 2015, quando Brasil, Peru e China formalizaram a ideia de uma ferrovia transcontinental. Na ocasião, o avanço foi interrompido por disputas internas, entraves ambientais e falta de clareza no modelo de financiamento .
Em entrevista ao CartaCapital, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, destacou o interesse chinês em expandir a malha ferroviária brasileira e afirmou que Pequim tem mantido diálogo ativo com o governo para concretizar o projeto .
Especialistas apontam que o traçado sul, que evita a Floresta Amazônica, foi escolhido para reduzir impactos ambientais e riscos sociais. No entanto, organizações ambientais e lideranças indígenas alertam para a necessidade de estudos aprofundados sobre fauna, flora e regularizações territoriais ao longo das áreas sensíveis do Acre e Rondônia .
No plano geopolítico, a iniciativa integra a Belt and Road Initiative, estratégia global chinesa para ampliar sua influência em infraestrutura. Fontes diplomáticas informam que os Estados Unidos acompanham de perto os desdobramentos, motivados pela expansão de investimentos de Pequim na América Latina .
As próximas etapas incluem o delineamento do traçado definitivo, a elaboração de estudos de viabilidade técnica e financeira e a formação de consórcios para captação de recursos. Não há previsão de cronograma ou estimativa de custos, que deverão ser definidos ao longo da fase de estudos .
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