O presidente da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), Fabiano Silva dos Santos, entregou sua carta de renúncia ao Palácio do Planalto nesta sexta-feira (4), após mais de dois anos à frente da estatal marcada por prejuízos crescentes. Em 2024, a ECT acumulou um rombo de R$ 2,6 bilhões — quatro vezes maior que o déficit de R$ 633 milhões registrado em 2023 — e, apenas no primeiro trimestre de 2025, o saldo negativo atingiu R$ 1,7 bilhão .
Fontes da CNN Brasil revelam que, sob intensa pressão da Casa Civil, liderada pelo ministro Rui Costa, o executivo enfrentava cobranças por um plano de reestruturação que incluía a venda de imóveis, programa de demissão voluntária e o lançamento de marketplace em parceria com a Infracommerce . Mesmo assim, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) optou por não demitir Fabiano, adiando a definição de seu sucessor.
A presidência dos Correios, vinculada ao Ministério das Comunicações, é alvo de disputa política desde 2023. O União Brasil, partido que indica nomes para a pasta, busca há dois anos o controle da estatal, que representa serviço essencial e tem impacto direto nas cadeias de comércio eletrônico. Atualmente, a pasta é chefiada por Frederico de Siqueira Filho, indicação técnica da sigla.
Em nota, a direção da ECT atribuiu parte do déficit à chamada “taxa das blusinhas” — tributo que incide sobre remessas internacionais de baixo valor, principalmente da China — e que reduziu em cerca de 30 % o volume de pacotes importados. Críticos internos apontam também para custos elevados de folha de pagamento e a lentidão na renegociação de contratos como fatores agravantes da crise.
Com a saída de Fabiano Silva dos Santos, abre-se agora o prazo para que o governo federal, pressionado pelo União Brasil, defina o novo nome para a presidência dos Correios. A expectativa no mercado é de que o escolhido tenha perfil técnico capaz de acelerar cortes de despesa e recuperar receitas, sem comprometer a capilaridade do serviço postal.
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