A entrada de Gleisi no Planalto não apenas reforça a presença do PT no núcleo duro do governo, mas também cria um novo polo de poder
Em uma movimentação que altera o cenário político do governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou nesta sexta-feira (28/2), a indicação da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, para assumir a Secretaria de Relações Institucionais. A mudança ocorre em um momento importante, em que o governo busca fortalecer sua articulação com o Congresso Nacional, especialmente diante da crise envolvendo as emendas parlamentares. Gleisi substituirá Alexandre Padilha, que deixa o cargo para assumir o Ministério da Saúde, no lugar de Nísia Trindade.
A escolha de Gleisi Hoffmann para o ministério mais estratégico do núcleo governamental não foi uma decisão imediata. Segundo fontes próximas ao Planalto, Lula já havia conversado com a deputada em duas ocasiões no mês passado sobre sua possível entrada no governo. Inicialmente, o convite era para que ela assumisse a Secretaria-Geral da Presidência, responsável pelos movimentos sociais. No entanto, Gleisi deixou claro que sua preferência era comandar a articulação política, área em que tem ampla experiência e influência.
A entrada de Gleisi no Planalto não apenas reforça a presença do PT no núcleo duro do governo, mas também cria um novo polo de poder. A deputada é conhecida por suas críticas ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, especialmente em relação ao pacote de corte de gastos proposto por ele, que o PT chegou a classificar como “austericídio fiscal”. Sua nomeação pode sinalizar um ajuste na estratégia econômica do governo, com maior atenção às demandas da base aliada no Congresso.
Lula, em conversas com interlocutores, destacou que tem uma “dívida de gratidão” com Gleisi, lembrando do papel fundamental que ela desempenhou durante seu período de prisão. À frente do PT na época, Gleisi organizou a vigília “Lula Livre”, que permaneceu por 580 dias em frente à Superintendência da Polícia Federal em Curitiba. Além disso, ela foi uma das principais articuladoras da campanha de 2022, negociando o apoio de partidos aliados à candidatura de Lula.
A posse de Gleisi Hoffmann está marcada para o dia 10 de março. Antes disso, no dia 9, o Diretório Nacional do PT se reunirá para definir quem assumirá a presidência do partido interinamente, já que o mandato de Gleisi termina em 6 de julho, quando novas eleições serão realizadas para escolher a nova cúpula petista. Entre os nomes cotados para assumir interinamente estão o senador Humberto Costa (PE) e o líder do governo na Câmara, José Guimarães (CE).
Em nota oficial, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República confirmou o convite a Gleisi, destacando a importância da nova ministra para a articulação política do governo. “O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu na manhã desta sexta-feira, 28 de fevereiro, com a deputada federal e presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, e a convidou para assumir a Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República”, diz o comunicado.
A nomeação de Gleisi Hoffmann reflete a necessidade do governo de fortalecer sua base de apoio no Congresso, em um momento em que a aprovação de projetos prioritários depende de uma articulação política eficiente. Sua experiência e influência dentro do PT e entre os partidos aliados serão fundamentais para garantir a governabilidade nos próximos meses.