Em 2021, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) do Brasil e a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid) uniram forças em duas ocasiões para “enfrentar a desinformação” no período que antecedeu as eleições presidenciais de 2022. Essas colaborações resultaram na criação de um “Guia de Combate à Desinformação” e na realização de um encontro internacional sobre “Eleições e a Transformação Digital”.
O “Guia de Combate à Desinformação”, desenvolvido em parceria entre o TSE e a Usaid, foi concebido como um manual de práticas destinado a ser replicado em outros países. Baseado em iniciativas do TSE desde 2020, o guia visa fornecer estratégias eficazes para enfrentar a disseminação de notícias falsas durante os processos eleitorais.
Em dezembro de 2021, ocorreu o encontro virtual “Eleições e a Transformação Digital”, que contou com a participação do ministro Luís Roberto Barroso. Organizado pelo Consórcio para Eleições e Fortalecimento do Processo Político (CEPPS), supervisionado pela Usaid, o evento reuniu especialistas para discutir os desafios e soluções relacionados à desinformação no contexto digital.
Recentemente, a Usaid tem estado no centro de debates internacionais, com alegações de que a agência teria financiado projetos de orientação progressista em diversos países, possivelmente influenciando processos políticos locais. No Brasil, aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro sugerem que tais ações possam ter prejudicado sua campanha à reeleição em 2022. Em resposta a essas controvérsias, o governo do presidente americano Donald Trump suspendeu temporariamente as atividades da Usaid para revisar os projetos financiados, alegando desperdício de recursos.
Essas revelações geraram discussões no cenário político brasileiro. Parlamentares de oposição ao governo Lula estão propondo a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as entidades e ONGs que receberam recursos da Usaid nos últimos anos. O objetivo é avaliar a influência dessas organizações no processo eleitoral e garantir a transparência nas relações internacionais que possam impactar a soberania nacional.
A colaboração entre o TSE e a Usaid destaca a importância de parcerias internacionais no combate à desinformação. No entanto, as recentes controvérsias ressaltam a necessidade de uma análise cuidadosa sobre a influência externa em processos democráticos, assegurando que tais colaborações respeitem a autonomia e integridade das instituições nacionais.
