fbpx
Pesquisar
Close this search box.

Ponto de Vista: Marçal toma a dianteira e reconfigura a direita em face do vácuo deixado deliberadamente por Bolsonaro

Foto: redes sociais
Foto: redes sociais

O pastor Silas Malafaia parece estar em uma espiral descendente, e cada vídeo que ele publica só parece piorar a situação. Talvez o problema seja a sua total incapacidade de entender o que a população já sacou há tempos. Enquanto ele continua gritando que “todo mundo” está sendo manipulado e que “SÓ” ele consegue ver quem realmente é Pablo Marçal, o resto de nós está aqui, sem conseguir segurar o riso. Afinal, quem mais senão ele para ser o porta voz de todo o conservadorismo. Ou mesmo Bolsonarismo?

Mas vamos ser francos: o povo já entendeu o jogo há muito tempo. Ninguém está sendo enganado e, por mais que Silas tente pintar Marçal como o grande vilão, muita gente está disposta a dar seu apoio ao cara. Pelo menos, por enquanto.

Agora, o cenário é mais complexo do que parece. Se Bolsonaro conseguir se tornar elegível novamente, podemos esperar mais um nome forte eleitoralmente. Mas, se Bolsonaro permanecer inelegível até 2026 e Marçal ganhar a Prefeitura de São Paulo, a conversa muda de figura. O “guru” do empreendedorismo político terá o respaldo para mirar na presidência, e aí sim veremos uma disputa de titãs com Tarcísio de Freitas, Ronaldo Caiado e, quem sabe, até Michelle Bolsonaro.

E aqui está a jogada política: Bolsonaro, sabendo que sua situação jurídica está mais vinculada que o pacote de presente, evita ao máximo cutucar o STF – especialmente Alexandre de Moraes. Em vez disso, ele se concentra em apoiar Ricardo Nunes (PL-SP) com aquela sutileza característica. Por quê? Agora, porque Bolsonaro precisa pisar em ovos enquanto tenta manter viva a esperança de sua política de reabilitação. Um passo em falso, e o sonho do retorno à presidência do Brasil vira apenas sonho.

No meio dessa briga de egos, temos Silas Malafaia, um dos pesos pesados ​​entre os evangélicos, que partiu para o ataque direto contra Marçal, chamando-o de “narcisista” e afirmando que ele não merece o apoio da direita ou dos evangélicos. Até aí, nada de novo. O que pegou mal foi quando Malafaia sugeriu que a chegada tardia de Marçal a um ato bolsonarista pode ter sido por medo ou, quem sabe, um acordo misterioso com Alexandre de Moraes. A essa altura, parece que Malafaia já está vendendo conspiração em tudo.

Marçal, como bom marqueteiro, respondeu com uma dose de ironia e até um toque de carinho por Malafaia. Explicou que sua chegada ao ato foi descoordenada e que ele simplesmente não foi informado sobre o momento certo de subir ao palanque. A velha desculpa de “ninguém me avisou”. Essa troca de alfinetadas só reforça as divisões na direita, especialmente entre os evangélicos e as novas figuras políticas que tentam cavar um espaço ao sol.

E o que podemos tirar disso tudo? Bem, não há vácuo de poder. O que há é Bolsonaro, com seu silêncio estratégico, deixando o espaço livre para Marçal ocupar. E, como ninguém deixa uma cadeira vazia por muito tempo na política, Marçal está aproveitando para depurar a direita. Afinal, se tem uma coisa que aprender é que, na política, não há espaço para ingenuidade – ou vácuo  de poder. Há que ser profissional.

 

Por: Hamilton Silva é editor-chefe do Portal DFMobilidade e atua como jornalista há 13 anos. É economista desde 1998, formado pela Universidade Católica de Brasília e pós-graduado em gestão pública

Comentários