O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, inicia hoje uma missão no Brasil que o levará a vários países da América Latina até o final da semana. Lavrov deve manter conversas bilaterais com seu homólogo brasileiro, Mauro Vieira , a partir de cerca de 10 (hora local, 15 na Itália) e – a seguir – deve se encontrar com o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva. No centro das conversas está a crise na Ucrânia, tema sobre o qual o próprio Lula voltou em sua recente viagem à China, sem poupar críticas aos Estados Unidos e a Kiev. Nos “fóruns internacionais” e nos “contatos bilaterais”, sublinha o Itamaraty, o Brasil defende “a cessação imediata das hostilidades” e afirma “a importância de unir esforços diplomáticos que facilitem a obtenção de uma solução negociada pacífica”.
Nos Emirados Árabes Unidos, voltando de uma visita de quatro dias à China, Lula voltou a comentar a crise no Leste Europeu, destacando que a Ucrânia, assim como a Rússia, também decidiu entrar em guerra, o que torna “muito difícil” para alcançar a paz. “Entrar em uma guerra é muito mais fácil do que sair dela. A decisão foi tomada pelos dois países. Agora estamos tentando construir um grupo de Estados que não tenham envolvimento com o conflito, que não queiram a guerra e que queiram construir a paz no mundo, falando tanto para a Rússia quanto para a Ucrânia”, disse Lula de Abu Dhabi. O presidente brasileiro também destacou a importância do diálogo com os Estados Unidos e a União Européia sobre o dossiê ucraniano.
“Temos que convencer a todos que a paz é a melhor forma de promover qualquer processo de diálogo. Mas, do jeito que as coisas estão, a paz está muito difícil”, observou Lula, para quem uma iniciativa de diálogo para a Ucrânia deveria ser mediada por um grupo semelhante ao G20, que inclui países “neutros”. O líder brasileiro explicou que conversou sobre isso com Xi e também com o presidente dos Emirados, Mohamed bin Zayed al-Nayan . “Temos que sentar em uma mesa e dizer basta. A guerra nunca trouxe e nunca trará nenhum benefício”, sublinhou, não deixando de atacar os EUA porque “continuam a contribuir para o prolongamento do conflito”, bem como os presidentes da Rússia e da Ucrânia, Vladimir Putin e Volodymyr Zelensky, porque “eles não tomam nenhuma iniciativa” para parar os combates.
*Com informações de H. no Mundo Militar