Nesta quinta-feira (2/2), o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) denunciou cinco pessoas pelo envolvimento na maior chacina registrada na capital federal. O processo foi apresentado ao Tribunal do Júri de Planaltina. À Justiça, caberá aceitar — integral ou parcialmente — ou recusar a denúncia.
Os investigados são acusados de matar 10 pessoas da mesma família, entre dezembro de 2022 e janeiro deste ano. Cinco homens estão presos suspeitos pelo crime. São eles: Gideon Batista de Menezes; Horácio Carlos Ferreira Barbosa; Fabrício Silva Canhedo; Carlomam dos Santos Nogueira e Carlos Henrique Alves da Silva.
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A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) apreendeu também um adolescente de 17 anos. No entanto, ele não é alvo da denúncia do Ministério Público.
O MPDFT informou que vai detalhar a denúncia em entrevista coletiva na tarde desta quinta.
Segundo a PCDF, o crime foi cometido porque o grupo queria posse de uma chácara onde parte da família morava, avaliada em R$ 2 milhões. No terreno, viviam também Gideon e Horácio. Os dois contaram aos investigadores que eram funcionários do mecânico Marcos Antônio Lopes de Oliveira, e que queriam vender a chácara em seguida. O plano seria assassinar toda a família para tomar posse do imóvel.
Os criminosos começaram a planejar a chacina em outubro. No dia 23 daquele mês, alugaram o cativeiro onde manteriam as vítimas.
Em dezembro, a ex-mulher de Marcos Antônio, Cláudia Regina Marques de Oliveira, vendeu uma casa por R$ 200 mil. Assim, o plano dos criminosos passou a envolver, também, o restante da família de Marcos.
As 10 vítimas da chacina são:
- Elizamar da Silva, 39 anos;
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- Thiago Gabriel Belchior, 30 anos, marido de Elizamar Silva;
- Rafael da Silva, 6 anos, filho de Elizamar e Thiago;
- Rafaela da Silva, 6 anos, filha de Elizamar e Thiago;
- Gabriel da Silva, 7 anos, filho de Elizamar e Thiago;
- Marcos Antônio Lopes de Oliveira, 54 anos, pai de Thiago e sogro de Elizamar;
- Cláudia Regina Marques de Oliveira, 55 anos, ex-mulher de Marcos Antônio;
- Renata Juliene Belchior, 52 anos, mãe de Thiago e sogra de Elizamar;
- Gabriela Belchior, 25 anos, irmã de Thiago e cunhada de Elizamar;
- Ana Beatriz Marques de Oliveira, 19 anos, filha de Cláudia e Marcos Antônio
Dinâmica do crime
O plano começou quando Marcos, sua esposa Renata Juliene Belchior, 52 anos, e a filha deles Gabriela Belchior de Oliveira, 25 foram rendidos. O primeiro a ser morto foi Marcos ainda na chácara.
Neste mesmo dia, a ideia dos criminosos era render Marcos, Renata e Gabriela na chácara. Gideon deu acesso a Carloman e ao menor, no intuito de simular um roubo à chácara. Horácio estava no local e fingiu-se de vítima. No entanto, o Marcos reagiu ao suposto assalto e foi atingido por Carloman com um tiro na nuca.
Depois disso, o grupo criminoso levou Renata, Gabriela e Marcos para a casa usada como cativeiro. Na mesma noite, o homem foi esquartejado na cozinha daquela residência por Gideon e Horácio, que enterraram a vítima no local.
Durante a madrugada, o adolescente entrou em pânico, pulou o muro da casa e fugiu.
Já no dia 4 de janeiro, os criminosos levaram Cláudia e a filha dela, Ana Beatriz Marques de Oliveira, para o local do cárcere. Após a venda de uma casa de Cláudia, o grupo simulou, com o celular de Marcos, que Gideon, Horácio e Fabrício ajudariam na mudança para a nova residência da mulher. Quando Cláudia e a filha, Ana Beatriz, entraram na casa nova, foram rendidas por Carloman enquanto os outros fingiam ser vítimas também.
Rendidas, as duas foram levadas ao cativeiro. Renata e Gabriela ficaram em um cômodo e Cláudia e Ana em outro.
No dia 12, Thiago recebeu um bilhete atraindo ele, esposa Elizamar da Silva, 39, e os filhos do casal até a chácara no Itapoã. Chegando ao local, Thiago foi rendido. A cabelereira Elizamar foi ao local após sair do trabalho, à noite, e também acabou rendida.
Uma vez que o adolescente não quis mais participar do crime, o grupo precisou de mais um ajudante: Carlos Henrique Alves da Silva, conhecido como “Galego”.
De lá, criminosos seguiram para Cristalina (GO) com a cabelereira e os três filhos dela, onde asfixiaram as vítimas e queimaram o carro de Elizamar. Thiago continuou no cativeiro.
Na madrugada do dia 14, Renata e Gabriela foram mortas e Unaí (MG). Tanto Carloman quanto Horácio e Gideon participaram do incêndio do veículo. Por conta das queimaduras, este último ficou de fora da execução das outras mortes.
Já Thiago, Cláudia e Ana saíram do cativeiro ainda com vida no dia 15, mas foram esfaqueados na área próxima à cisterna onde seus corpos foram deixados, em Planaltina.
O delegado Ricardo Viana, da 6ª Delegacia de Polícia, no Paranoá, afirma que os suspeitos podem pegar até 340 anos de prisão pelos crimes de homicídio qualificado, latrocínio, associação criminosa qualificada, corrupção de menor e extorsão com resultado morte.