Depois das pataquadas de Capelli à frente da ABDI, setores do próprio PT já avaliam que Lula busca um “pouso” alternativo para o aliado — longe dos holofotes e, principalmente, longe de novas confusões. A criação de um órgão federal para enfrentar o crime organizado, defendida pela ala mais ideológica do partido, surgiu justamente nesse contexto: reorganizar a estrutura de segurança e, de quebra, encontrar uma função politicamente útil para Ricardo Capelli sem deixá-lo exposto.
Nos bastidores, a leitura é direta: o desempenho de Capelli na presidência da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial foi marcado por deslizes públicos, desgaste interno e suspeitas de uso político da autarquia. O ruído foi tão grande que abriu espaço para críticas até dentro da base. A solução encontrada por apoiadores seria encaixar o auxiliar em uma nova estrutura — ainda indefinida — mas com menos autonomia e mais controle político.
A proposta reúne duas possibilidades: recriar um Ministério da Segurança Pública, nos moldes do modelo adotado no governo anterior, ou montar uma secretaria federal dedicada exclusivamente ao combate às facções, subordinada ao Ministério da Justiça. A ala petista que defende a ideia quer uma figura “combativa” à frente do órgão, com perfil parecido ao de Capelli, mas sem as turbulências que ele acumulou. Isso mostra que, mesmo com a operação interna para protegê-lo, há resistência concreta à sua permanência em posições estratégicas.
Enquanto isso, Lula tenta equilibrar o jogo: acomoda o aliado, atende a pressão do partido por ações mais duras na segurança e tenta reduzir o impacto político das recentes crises. Mas a movimentação também revela que a confiança no atual presidente da ABDI já não é a mesma — e que o Planalto busca, discretamente, um caminho para tirá-lo do foco antes que novas polêmicas respinguem no governo.
Por: Hamilton Silva é jornalista e editor-chefe do portal DFMobilidade. Economista e diretor da Associação Brasileira dos Portais de Notícias (ABBP)
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