Cappelli transforma a ABDI em comitê eleitoral e é acusado de montar “QG secreto” para campanha no DF

Foto: Ag. Brasil
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O presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Ricardo Cappelli, está sob investigação por denúncias de que teria utilizado uma estrutura paralela da agência para impulsionar sua pré-candidatura ao governo do Distrito Federal. Fontes internas relatam que servidores e contratados da ABDI estariam envolvidos em ações de autopromoção digital e monitoramento de adversários, segundo publicação do veículo especializado.

As acusações envolvem suposto uso de recursos humanos da ABDI para elaboração de conteúdo político e mobilização eleitoral prévia, o que caracterizaria conduta vedada pela legislação eleitoral. A agência, vinculada ao Ministério da Fazenda, tem como dever institucional fomentar o desenvolvimento industrial — não coordenar pré-campanhas políticas.

Até o momento, não há confirmação oficial de abertura de inquérito pela Justiça Eleitoral ou pelo Ministério Público Federal. Cappelli ainda não divulgou posicionamento formal além de declaração genérica de “agir dentro da legalidade”.

Dado o histórico recente: Cappelli assumiu o comando da ABDI em fevereiro de 2024, após passagem como interventor federal na segurança pública do Distrito Federal. Veja-se que o cargo atual confere visibilidade significativa — o que realça a gravidade das suspeitas.

A oposição exige que seja promovida auditoria interna na ABDI e que o Tribunal Regional Eleitoral no Distrito Federal acompanhe o caso com rigor. Caso comprovadas, as irregularidades podem acarretar sanções eleitorais e perda de direitos políticos.

Mensagens trocadas entre integrantes do grupo revelam uma rotina intensa e detalhadamente controlada. Em orientações enviadas por Ana Cardoso, apontada como assistente direta de Trezena, são listadas regras de conduta e produtividade:

responder 70 comentários e 10 publicações por dia nas redes sociais;

enviar 60 mensagens e realizar 30 ligações via WhatsApp;

seguir um “padrão de respostas humanizado”, com uso controlado de emojis e correção gramatical rigorosa.

“Atenção aos horários de trabalho! Qualquer mudança precisa ser avisada com antecedência. Sejam responsáveis, quanto mais demonstrarem que estão prontos pra fazer as coisas à distância, mais fácil conseguirmos implementar um sistema dinâmico”, diz um dos trechos das mensagens.

O cuidado em manter a imagem do pré-candidato nas interações virtuais também era mencionado:

“O Cappelli é jornalista, não podemos ter erros de português”, alertava outro trecho.

De acordo com as denúncias, cinco celulares e cinco notebooks teriam sido adquiridos recentemente para uso exclusivo do grupo, simulando a presença digital do próprio Cappelli nas redes.

Na esfera da credibilidade institucional, o episódio pode fragilizar ainda mais a imagem de órgãos federais em Brasília, justamente em um momento no qual se discute atendimento eficiente em mobilidade, inovação e segurança para o DF — temas nos quais a ABDI tem papel indireto.

Aguardam-se os próximos movimentos da Procuradoria Eleitoral e da Transparência Nacional para saber se o tema avança para investigação formal ou se ficará apenas no campo das denúncias.

Por: Hamilton Silva é jornalista, economista e editor-chefe do portal DFMobilidade

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