Izalci joga contra o DF e quer CPI para aparecer

Foto: Pedro França/Agência Senado
Foto: Pedro França/Agência Senado

Coluna de Opinião: Izalci, o mestre da cortina de fumaça

Por vezes, a política brasiliense parece encenar uma peça repetida, em que os personagens não surpreendem mais pela coerência, mas sim pela previsibilidade dos seus atos. O senador Izalci Lucas, em fim de mandato e ainda tateando seu destino político, resolveu subir o tom. Anunciou, nesta segunda-feira (15/4), que irá pedir a abertura de uma CPI para investigar a intenção do BRB de adquirir os direitos do Banco Master.

Não se trata aqui de defender cegamente a operação — ainda em fase de análise pelo Banco Central. Mas é preciso separar o joio da especulação. O que Izalci está fazendo, na prática, é lançar mão de um velho expediente do submundo político: bater para aparecer.

Sem garantias de ser o nome do PL ao GDF em 2026 — especialmente com Damares Alves jogando fichas na vice-governadora Celina Leão e com a possibilidade real de Michelle Bolsonaro disputar o Senado — Izalci tenta a todo custo furar o bloqueio da irrelevância. E como sabe que seu mandato está na reta final, não poupa esforços para ocupar espaços. Mesmo que isso signifique jogar contra os interesses do próprio DF.

E o mais grave: propõe uma CPI — esse instrumento cada vez mais desgastado, que na prática não resolve nada, serve de palanque político e ainda consome tempo e recursos públicos que poderiam estar sendo investidos em políticas reais. CPI virou sinônimo de desperdício, e Izalci, experiente que é, sabe disso. Ainda assim, insiste. Por quê?

Ao propor uma investigação sem fatos concretos, baseada em suposições e ruídos, Izalci presta um desserviço à população e faz o jogo daqueles que sempre tentaram minar o BRB por conveniência política — leia-se: setores da esquerda que ainda não engoliram o protagonismo do banco na economia local.

Não se constrói liderança com factoides. E tampouco se constrói um futuro político jogando contra o desenvolvimento da cidade que se quer governar. Brasília merece mais do que bravatas em ano pré-eleitoral. Izalci, que sempre se apresentou como homem de números, deveria saber que os números de sua própria credibilidade começam a cair — e não é por culpa de ninguém além dele mesmo.

Que o PL, e principalmente o eleitorado do DF, saibam separar o que é barulho de palco e o que é compromisso real com a cidade. O DF precisa de líderes que constroem, não de atores que dramatizam.

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