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Vídeo: “Não acredito nas urnas eletrônicas”, diz Cacique Serere em CPI

Foto: Eurico Eduardo/Agência CLDF
Foto: Eurico Eduardo/Agência CLDF

A CPI dos Atos Antidemocráticos ouviu, nesta quinta-feira (31), o depoimento de José Acácio Serere Xavante. O indígena está preso há 9 meses no complexo penitenciário da papuda acusado de incitação ao crime. A prisão foi solicitada diante dos indícios da prática dos crimes de ameaça, perseguição e abolição violenta do estado democrático de direito, previstos no código penal.

Serere ficou conhecido por vídeos divulgados em redes sociais em que ameaçava o ministro do Supremo Alexandre de Moraes. A prisão dele, em dezembro de 2022, teria, inclusive motivado uma tentativa de invasão da sede da Polícia Federal, em Brasília, por manifestantes bolsonaristas . À comissão, Serere disse que suas ações eram “cívicas e pacíficas”.

“Não acredito nas urnas eletrônicas”, diz Serere à CPI

Questionado sobre quais seriam as reais motivações de sua vinda a Brasília, Xavante alegou não acreditar no resultado das eleições presidenciais porque, segundo ele, as urnas seriam passíveis de fraude. “Não acredito nas urnas eletrônicas porque o Ministério da Defesa falou que as urnas são fáceis de ser hackeadas”, alegou.

O deputado Fábio Félix (PSOL) criticou o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, afirmando que as “notas dúbias” emitidas pelo Ministério da Defesa sob sua gestão motivaram uma onda de descrédito sobre as urnas eletrônicas. Félix atribuiu ao não-reconhecimento do resultado das eleições por Jair Bolsonaro o que chamou de “caos golpista” instaurado pelos apoiadores do ex-presidente.

Em apoio ao depoente, o deputado Thiago Manzoni (PL) defendeu o direito de as pessoas questionarem o funcionamento da urna eletrônica. “Querer mais transparência no processo eleitoral não é crime”, afirmou o distrital.

Distritais quiseram saber quem eram os financiadores

Durante a oitiva, Serere Xavante afirmou que permaneceu por trinta dias acampado em frente ao QG do Exército. Ele negou que tenha sido financiado para bancar sua alimentação e estadia na capital. Questionado pelo deputado Chico Vigilante (PT), o indígena afirmou que toda a alimentação que recebia era fruto de “uma benção de Deus”.

A CPI exibiu, no entanto, um vídeo em que Didi Pimenta, fazendeiro em Campinápolis (MT), mesma cidade do cacique, assume que financiou as despesas de Serere e demais indígenas de sua aldeia para serem transportados para Brasília e protestarem contra o resultado das eleições. No vídeo, o fazendeiro ainda pede doações via PIX para financiar as despesas do cacique. Xavante negou que conhecesse o fazendeiro e que tenha tido qualquer contato com ele.

Vigilante informou que vai propor a quebra dos sigilos fiscal e bancário do cacique para averiguar se houve depósitos em sua conta e a origem dos valores.

Paula Belmonte (Cidadania) criticou o que classificou como “um show de preconceito” referindo-se à condução da CPI. Segundo a distrital, a comissão teria dado mais crédito à declaração do fazendeiro exibido no vídeo que à do depoente. Belmonte cobrou uma atuação mais isonômica por parte da CPI.

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