A intenção de liberar a venda de bebidas alcoólicas no Eixão do Lazer, um espaço público amplamente frequentado e apreciado por famílias e desportistas do Distrito Federal, tem suscitado preocupações legítimas sobre o impacto desta medida na segurança e no bem-estar dos frequentadores e residentes locais. Introduzir o comércio de álcool numa área designada para lazer e atividades ao ar livre parece desconsiderar as possíveis consequências diretas e indiretas desta decisão.
Primeiramente, a venda de bebidas alcoólicas no Eixão do Lazer não apenas aumenta o risco de incidentes de condução sob influência de álcool, mas também pode servir como um precursor preocupante para a tolerância e eventual proliferação do comércio de drogas ilícitas. A associação entre o consumo de álcool e o subsequente uso de substâncias proibidas é bem documentada, e flexibilizar a venda de bebidas em um ambiente supostamente seguro e familiar pode inadvertidamente fomentar comportamentos mais arriscados.
Além disso, a proposta ignora as queixas já existentes dos moradores locais sobre o barulho e o uso indevido de estacionamentos e áreas verdes por frequentadores do Eixão. Com a venda de álcool, é provável que essas perturbações apenas se intensifiquem, comprometendo a qualidade de vida e o direito ao sossego dos residentes próximos.
A falta de fiscalização adequada é outra questão crítica. Sem um controle efetivo, o espaço público pode se transformar em zona livre para todo tipo de atividades não regulamentadas, incluindo a venda de alimentos sem as devidas condições sanitárias e a prática do fumo. Este cenário cria um ambiente propício para a desordem e para atividades que vão contra as normas sociais e legais estabelecidas.
Por fim, é impossível ignorar a dimensão política do uso do Eixão do Lazer. O espaço tem sido palco de manifestações políticas, muitas vezes associadas a agendas de esquerda. A liberalização do comércio de bebidas alcoólicas pode ser vista como mais uma manobra para atrair simpatizantes sob o pretexto de lazer, diluindo a essência de um espaço que deveria estar acima das disputas partidárias.
O Eixão do Lazer deve permanecer um refúgio para a saúde e o bem-estar, não um ponto de venda de substâncias que podem comprometer tanto a segurança quanto a integridade deste importante espaço público. A prática de compartamento saudável é incompatível com a liberação de drogas lícitas ou não.
Por: Hamilton Silva é editor-chefe do Portal DFMobilidade atua como jornalista há 13 anos. É economista desde 1998, formado pela Universidade Católica de Brasília e pós-graduado em gestão pública