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OPINIÃO| Ao invés da atitude correta de estender a mão, ele esfaqueia pelas costas

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Nunca vivemos tempos tão duros como estes da pandemia. Há um empobrecimento geral das nações e, principalmente, das pessoas, insegurança generalizada, famílias sendo desfeitas pela voracidade com que o coronavírus ceifa vidas.

Todos estamos vendo um aumento de casos e óbitos nesta segunda onda da pandemia. No Brasil a situação é gravíssima, não apenas por sermos um país com 220 milhões de habitantes, mas também pela nossa extensão territorial, a imensa costa e os milhares de quilômetros de fronteiras.

Não vamos vencer o vírus esperando milagres, mas sim trabalhando e com cada um de nós fazendo a sua parte. É hora de unir, não de separar.

Em Brasília temos testemunhado o esforço do governador Ibaneis Rocha em administrar a crise. Nossa cidade é povoada por pessoas dos quatro cantos do planeta, chineses, árabes, europeus, sul-americanos, estadunidenses, da Austrália, Nova Zelândia, da Indochina e da Índia.

Somados a eles, temos um sem-número de trabalhadores que vivem no entorno, mas ganham a vida em Brasília. Outros vivem em cidades da Bahia, Goiás ou Minas e correm até a capital em busca de socorro quando adoecem.

Com a pandemia a situação dos hospitais de Brasília piorou muito, praticamente entramos em colapso, porque além dos cidadãos brasilienses, passamos a atender outros que, diante do risco iminente da morte, não tiveram outra alternativa a não ser buscar nossa rede hospitalar.

O governador viu o quadro se agravar diante da teimosia de parte da população, que não deu bola para a pandemia e decidiu não tomar as devidas precauções.

Isso acabou acelerando a contaminação e obrigando o lockdown e o toque de recolher, medidas impopulares, mas ao mesmo tempo extremamente necessárias para baixar o nível de contaminação e reequilibrar a situação por aqui.

Ibaneis foi presidente da seccional brasiliense da Ordem dos Advogados do Brasil. Fez uma gestão exitosa, que o credenciou para ocupar o Palácio do Buriti.

Alguns de seus adversários cruzaram o limite da crítica construtiva e partiram para a traição como a atual direção da OAB-DF, que usa a pandemia para fazer política de olho na reeleição do atual presidente Délio Lins e Silva Junior.

O doutor Delinho é um rapaz de boa família, que frequentou boas escolas e nunca passou necessidades na vida. Nunca andou de transporte público, não veio de longe, não tem a menor ideia de como funciona a vida das pessoas que são obrigadas a batalhar todos os dias para alimentar seus filhos e pagar contas de luz, gás, aluguel.

Doutor Delinho ameaçou processar o governador alegando que ele não tem plano de vacinação e nem adotou medidas de combate ao coronavírus.

Uma bravata de quem usa a dor alheia para se promover. Se estivesse preocupado em apurar direito, veria que temos um plano de vacinação desde o fim do ano passado (https://igesdf.org.br/wp-content/uploads/2020/12/Plano-Distrital-de-Vacinacao-contra-a-Covid-19-2.pdf ) já estamos vacinando adultos da faixa etária do 67 anos e que o combate ao vírus vem sendo feito no dia a dia, basta visitar algum dos centros de vacinação.

O governador enfrentou protestos até na porta da sua casa, porque adotou medidas duras para frear a transmissão da doença em Brasília. Fez o que era preciso e aguentou a pressão. Teve coragem. É isso que diferencia o sujeito com coragem para enfrentar a dificuldades daquele que ganhou tudo na vida sem fazer muito esforço.

Se o presidente da OAB-DF colocasse o interesse da população, da sociedade brasiliense, acima dos seus interesses pessoais, provavelmente estaríamos numa situação melhor. Ele até agora foi incapaz de agir, de mostrar atitude e coragem, de usar o prestígio da Ordem para ajudar Brasília a sair desta tragédia. Mas seu negócio é jogar pedra, nada além disso.

Ele até agora foi incapaz de cuidar dos advogados, que nunca passaram por um momento tão difícil, sem trabalho, confinados em casa, vivendo todo tipo de privação, completamente desamparados, enquanto magistrados e procuradores aumentam seus salários, abrigados no porto seguro do serviço público mantido com nossos impostos.

Luther King dizia: “A covardia coloca a questão: é seguro? O comodismo coloca a questão: é popular? A etiqueta coloca a questão: é elegante? Mas a consciência coloca a questão: é correto? E chega uma altura em que temos que tomar uma posição que não é segura, não é elegante, não é popular, mas o temos que fazer porque a nossa consciência nos diz que é essa a atitude correta”.

Atacar o governador num momento em que a cidade precisa de união, de serenidade e responsabilidade é algo repugnante. Este governador que aí está não é perfeito, não está acima do bem e do mal, é um ser humano como qualquer outro, mas tem sido capaz de decidir sob pressão, de agir tentando acertar, muito mais do que jogar para a plateia.

O doutor Delinho, que tem se vangloriado por ter distribuído cestas básicas aos advogados, quando o certo era garantir as condições mínimas de trabalho e as prerrogativas nossas, silencia ao ver tele audiências, oitivas de testemunhas por telefone e tantos outros absurdos.

Deveria ter vergonha de usar a OAB-DF para sua politicazinha rasteira. Ao invés da atitude correta de estender a mão, ele esfaqueia pelas costas.

*Por Everardo Gueiros
*Everardo Gueiros, advogado, foi conselheiro federal da OAB, presidente da Caixa dos Advogados do Distrito Federal, desembargador do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-DF) e Secretário de Projetos Especiais do governo do DF nos anos de 2019 e 2020.

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