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Opinião | A greve dos professores no DF: luta legítima ou arroubo político?

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A paralisação dos professores no DF intensificou-se com a volta do antigo presidente, e questiona-se se essa estratégia é a mais correta. Embora reconheça que os professores mereçam um reajuste salarial, o problema vai além disso e inclui a qualificação dos profissionais, a melhoria da estrutura escolar e da grade horária dos alunos.

Os pontos de pauta vão além do aumento salarial que está sendo negociado pelos representantes dos professores, pontos esses que podem incluir questões políticas ou ideológicas, que dificultam, o entendimento da intempestiva e inóqua movimentação, principalmente pelos pais e opinião pública que querem uma educação fomentada pela meritocracia.

A responsabilidade fiscal à qual o governo se submete não pode se ajoelhar diante de arroubos políticos e vontades próprias. As limitações orçamentárias sinalizam para a prudência, 6% ainda este ano é uma conquista acima da inflação. Não se pode recuperar todas “as perdas’ de uma só vez.

O efeito cascata é uma possibilidade iminente. Imaginem se todas as categorias que já tiveram o mesmo aumento salarial (18%) decidirem parar estimuladas pela greve dos professores. Não é uma questão de questionar o Valor dos professores, mas sim de considerar as implicações. Os profissionais da saúde e da segurança também merecem aumento salarial, mas é importante ter bom senso e respeitar os limites orçamentários.

Quais são os verdadeiros resultados educacionais para as crianças? Quais são os resultados de satisfação no ambiente de trabalho para estes professores? E a meritocracia onde fica? Quanto mais tempo os alunos fora da sala de aula pior para toda uma geração desesperançosa.

A insistência dos  que conduzem o movimento paredista confronta diretamente a Justiça do Distrito Federal. A justificativa utilizada pelo desembargador Roberto Freitas Filho é de que a greve compromete gravemente os direitos dos alunos e suas famílias. Justiça seja feita.

Lembremos sempre que as famílias e alunos foram drasticamente prejudicados pela falta de aula durante o período da pandemia. Estudantes da rede pública ficaram 279 dias sem aulas presenciais em 2020, publicou o Inep em 2021.

A paralisação dos docentes afeta o cronograma curricular de estudos dos alunos, bem como a alimentação de muitos deles, que dependem da merenda para uma refeição completa do dia. A greve prejudica associações e cooperativas que fornecem alimentos às escolas.

Para o deputado distrital petista, Ricardo Vale, a greve na educação do DF não é boa, nem para os professores e nem para o GDF.

Sintomas de que a greve não passa de um arroubo político é o slogan do movimento paredista: “Ibaneis, a saída está em suas mãos”. Entretanto, é importante destacar que todo gestor tem a intenção de valorizar seus colaboradores e, muitas vezes, há uma dose de vaidade envolvida nesse processo porque não o faria? Acusar o governador de trabalhar contra os professores pode ser uma tática antiga de tentar colocar a culpa em terceiros pelos problemas enfrentados pela categoria, haja vista o aumento do salário minimo e de outras categorias que não obtiveram o mesmo quinhão.

A greve dos professores no Distrito Federal obteve uma adesão de apenas pouco mais de 20%, o que sugere falta de apoio entre os próprios profissionais. Além disso, o movimento está sendo liderado por setores que foram derrotados nas últimas eleições, indicando uma motivação político-partidária em vez de uma reivindicação legítima da categoria.

Finalmente essa greve me faz crer que  ‘grupos’ estão tentando recuperar seu espaço político perdido devido às más gestões de governos que recorrem a práticas antiquadas, oportunistas e parasitárias que foram vistas em governos eivados por corrupção.

 

*Hamilton Silva – editor-chefe do Portal DFMobilidade, jornalista há 12 anos, economista e diretor de Relações Institucionais da Associação Brasileira de Portais de Notícias (ABBP)

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