No DF e no Brasil o trânsito reflete a falência do respeito às leis

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O desrespeito e a falta de educação dos motoristas são o combustível que move o caos no trânsito. Sem formação adequada e consciência cidadã, regras básicas do CTB viram sugestões ignoradas.

Em Brasília, circulam 2.059.114 veículos registrados até o segundo trimestre de 2024, dos quais 1.380.863 são automóveis . Ainda assim, em 2023 foram registradas 248 mortes no trânsito, uma queda tímida de apenas 14% em relação a 2022, quando 288 vidas foram perdidas . Esses números não se justificam apenas pela frota, mas pelo comportamento irresponsável de quem assume o volante.

Enquanto o DF celebra o crescimento da frota de elétricos — que saltou de 6.843 unidades em 2022 para cerca de 32 000 em 2024 graças a incentivos fiscais — a educação no trânsito segue estagnada. É comum ver motoristas ocupando a faixa da esquerda sem necessidade, contrariando o Art. 29 do CTB, que obriga a circulação pelo lado direito salvo para ultrapassagens .

Conversões em locais proibidos também viraram rotina. O Art. 206 do CTB pune com multa e sete pontos na CNH quem faz retorno onde não há sinalização adequada , mas poucos respeitam a norma. Motociclistas e entregadores, pressionados pela urgência das entregas, frequentemente fazem manobras arriscadas, infringindo o Art. 203 ao ultrapassar pela contramão em curvas e faixas de pedestre .

Além disso, a circulação de veículos em mau estado de conservação — pneus carecas, freios comprometidos, faróis defeituosos — fere o Art. 230, inciso XVIII, sujeitando o condutor à multa e retenção até a regularização . A impunidade nessa área expõe a fragilidade da fiscalização.

Responsabilidade do Poder Público
O DF avançou em mobilidade sustentável, mas falha em dois pilares fundamentais:

  1. Educação contínua — faltam campanhas permanentes em autoescolas, escolas e empresas.
  2. Fiscalização rigorosa — aplicar as penalidades previstas sem concessões nem “jeitinhos” e excesso de recursos. Principalmente no que diz respeito à estacionamentos (Águas Claras e o centro do Plano Piloto parecem ser o gargalo)

Sem um investimento real em educação para o trânsito, qualquer avanço tecnológico, por maior que seja, parecerá cosmético. A mudança começa quando cada condutor internaliza que respeitar o CTB é respeitar a vida.

“No país onde o Supremo não respeita a Constituição, o condutor não respeita as leis básicas do Código de Trânsito.”

Sobre o autor
Hamilton Silva é jornalista e editor-chefe do portal DFMobilidade.

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