“Entendo que radares e barreiras eletrônicas têm um papel importante no trânsito. São equipamentos que deixam o motorista mais prudente, e, por isso, acredito que colaboram para diminuir o número de acidentes. Mas eu não entendo algumas coisas… Várias barreiras têm um limite de velocidade muito menor do que a via, chegam a atrapalhar o fluxo. Além disso, algumas pistas têm tantos radares que a gente até fica desconfiado.”
As dúvidas da médica Nicole Barcellos, 35 anos, são bastante comuns. Afinal, poucos conhecem as motivações que levam órgãos como o Departamento de Estradas de Rodagem (DER-DF) e o Departamento de Trânsito (Detran-DF) a instalarem equipamentos de fiscalização eletrônica nas pistas do Distrito Federal – atualmente, as vias da capital do país têm 952 pardais e 180 lombadas eletrônicas.
O gerente de Engenharia e Segurança Viária do DER-DF, Waldemar Junior, explica que o uso de qualquer um desses equipamentos depende de muito estudo. “Há uma série de critérios a que a gente obedece para colocar um redutor ou um controlador de velocidade na via, mas uma coisa é certa: sem os radares e as barreiras, o trânsito seria caótico, com muitos acidentes e várias mortes”, pontua.
Funções diferentes
Lombadas eletrônicas e pardais têm papéis distintos no trânsito. As barreiras funcionam como um redutor de velocidade. De uso bastante específico, esses equipamentos são reservados para locais com muito risco de acidente ou onde há intensa movimentação de pedestres. Barreiras também costumam ser instaladas em pontos onde a via tem uma geometria mais desafiadora, com curvas acentuadas ou entrada e saídas de veículos na pista.
Já os radares são controladores de velocidade, usados para garantir que o limite da via seja respeitado. Em rodovias muito longas, com poucas curvas, os órgãos de trânsito costumam instalar vários deles, como forma de manter a velocidade dos veículos sob controle ao longo do trecho todo. Isso porque, infelizmente, os motoristas têm o hábito de frear perto do pardal para, em seguida, acelerar de novo.
“Algumas pessoas insistem em dizer que os radares são ‘fábricas de multa’, em especial quando veem muitos deles instalados em uma só rodovia, mas vale lembrar que só é multado quem não respeita o limite de velocidade”, atenta Waldemar Júnior. “Se não cometer infração, não ganha multa. Todos os pardais são instalados em lugares visíveis, como manda a legislação. Também colocamos placas avisando que a rodovia tem fiscalização eletrônica.”
Redução de acidentes
A função dos redutores e controladores de velocidade está longe de ser punitiva. Os equipamentos, considerados itens de segurança valiosos, apostam na educação dos motoristas para reduzir o número de acidentes nas pistas. “Essas ferramentas fazem com que o condutor se atente à velocidade regulamentar da via; sem elas, o cenário seria temeroso”, afirma o gerente de Engenharia do Detran-DF, Bruno Aurélio.
O especialista usa como exemplo um caso que aconteceu em Planaltina, para falar sobre a importância da fiscalização no trânsito: “A Avenida Independência, uma das principais da cidade, tinha dois quebra-molas, afastados um do outro. Os veículos aceleravam muito entre eles, até que, em 2022, uma mãe e sua filha foram atropeladas naquele ponto. Fizemos um estudo técnico e instalamos uma barreira eletrônica no trecho, o que ajudou muito a reduzir os acidentes na região”.
Para o corretor de imóveis André Lopes, 54, a quantidade de pardais e lombadas eletrônicas nas ruas do DF está longe de ser exagerada. “Acho que temos o número suficiente”, avalia. “Já trabalhei como Uber e percebo que esses equipamentos são importantes e educativos – eles seguram a garotada que gosta de correr. São ferramentas muito importantes para manter a ordem no trânsito”.