Após escândalo das emendas de R$ 74 milhões Record afasta Fred Linhares

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Em 19 de julho de 2025, a TV Record Brasília afastou o deputado federal Fred Linhares (Republicanos-DF), apresentador do Cidade Alerta, em decisão atribuída à repercussão do escândalo envolvendo R$ 74 milhões em emendas parlamentares destinadas à Associação Moriá . A emissora impôs “férias forçadas” ao parlamentar a partir da próxima semana, estendendo o afastamento também às suas atividades na Rádio Atividade .

O movimento da Record ocorreu logo após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, intimar a Advocacia-Geral da União, a Procuradoria da Câmara dos Deputados e a Advocacia do Senado a prestar esclarecimentos sobre o repasse de R$ 53,3 milhões em emendas parlamentares à Associação Moriá, organização sob suspeita de irregularidades e que apresentou documento de parceria falsa com a Secretaria de Educação do DF . Desse total, R$ 27,6 milhões foram indicados por Linhares; R$ 15,5 milhões, pelo senador Izalci Lucas (PL-DF); R$ 1,5 milhão, pela deputada Bia Kicis (PL-DF); R$ 800 mil, pelo deputado Júlio César (Republicanos-DF); e R$ 500 mil, pela deputada distrital Paula Belmonte (Cidadania) .

Segundo comunicado interno, a emissora justificou o afastamento como medida de precaução diante das apurações, temendo danos à credibilidade do Cidade Alerta e à imagem institucional da Record . O deputado, porém, atribui a suspensão unicamente à sua pré-candidatura ao governo do Distrito Federal em 2026, embora a Lei nº 9.504/1997 e a Resolução TSE nº 23.610/2019 só exijam a descompatibilização de apresentadores de rádio e TV a partir de 30 de junho do ano eleitoral — ou seja, em 2026 .

Curiosamente, os colegas Celso Russomanno e Gilvan Máximo, também deputados e apresentadores na Record, permanecerão em seus programas até o prazo legal, sem sofrer sanções semelhantes . A decisão inédita de antecipar o afastamento de Linhares sugere desconforto da emissora com o tamanho das investigações.

Emendas parlamentares são instrumentos previstos na Constituição Federal e aprimorados pelas Emendas Constitucionais nº 86/2015 e nº 100/2019, que permitem a deputados e senadores destinar parcelas do orçamento federal a projetos específicos, com execução obrigatória pelo Executivo. Embora concebidas para atender demandas locais, tais emendas tornam-se alvo de esquemas de favorecimento quando não há fiscalização rigorosa, como ocorreu no “escândalo dos Anões do Orçamento” em 1993 .

No caso da Associação Moriá, sediada em Brasília, as suspeitas envolveram a entrega de atestados de capacidade técnica com dados falsos e a promessa de parceria inexistente com a Secretaria de Educação do DF, levada ao Ministério do Esporte, que firmou termo de fomento de R$ 37,9 milhões sem respaldo oficial da pasta . O episódio reforça o debate sobre transparência e controle das emendas parlamentares no Brasil.

Em suas redes sociais o deputado federal afirmou que essa notícia é falsa e disse também que acionaria a justiça.

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Sobre o autor
Hamilton Silva é jornalista e economista, e editor-chefe do Portal DFMobilidade

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