O governo federal divulgou um pacote de 14 projetos de transporte para a Região Metropolitana de Belo Horizonte. O plano, derivado do Estudo Nacional de Mobilidade Urbana (ENMU), prevê ampliações de metrô, implantação de VLTs e novos corredores de BRT — investimento estimado em R$ 35,6 bilhões — com horizonte que pode se estender até 2054.
Na prática, o anúncio reacende um velho problema: tirar do papel. A região coleciona promessas e atrasos estruturais; sem cronograma contratual, fonte de custeio garantida e governança metropolitana, o risco é virar mais um cardápio de intenções. A cifra é robusta, mas depende de estudos, licenciamento, modelagens e contrapartidas locais. E o relógio urbano corre mais rápido do que os editais.
O que está proposto no ENMU para a RMBH: • Metrô — Extensão da Linha 1 (Trecho Beatriz); Linha 2 (Ibirité–Est. Barreiro) e implantação da Linha 2 (Santa Tereza–Calafate); Linha 3 (Lagoinha–Belvedere).
• VLT — Linha 4 (Eldorado–Betim); Ribeirão das Neves–Lagoinha; Anel Urbano.
• BRT — Extensão Cristiano Machado; implantação Amazonas; Anel Rodoviário; BR-040 Sul; BR-040 Norte (Ribeirão das Neves–Terminal Ressaca); Sul (Belvedere–Nova Lima); Confins–Vilarinho.
Escopo e números: o estudo projeta 32 km adicionais de metrô, 92 km de VLT e 107 km de BRT. É expansão relevante no papel, mas que exige coordenação fina entre União, Estado, prefeituras e concessionárias — do contrário, os gargalos de sempre (licitação travada, projeto básico incompleto, aditivo sem lastro) reaparecem.
Pontos de atenção • Financiamento: parte pode vir do Novo PAC e BNDES, mas não há “cheque” carimbado para cada obra; a priorização anual definirá o que anda e o que estaciona.
• Sequenciamento: começar por trechos com maior demanda comprovada e maturidade de projeto reduz risco de canteiros parados.
• Integração tarifária e física: sem redesenho de linhas e bilhete único metropolitano, novos eixos tendem a operar abaixo do potencial.
• Transparência: cronograma público por obra, marcos mensais e relatório de avanço evitam “prometer para 2054 e entregar em 2064”.
Em resumo: o pacote dá um norte técnico para a mobilidade de alta e média capacidade em BH e entorno. Mas promessa não move trem. Sem governança, funding contratado e prazos auditáveis, o anúncio vira mais um “projeto de anúncio”. Cobrança e execução agora são as palavras de ordem.
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