O governo federal voltou a acenar com a retomada de trens de passageiros, agora com um projeto-piloto de cerca de 110 km entre Recife (PE) e João Pessoa (PB). A promessa foi ventilada em evento do Plano Nacional de Logística (PNL) 2050, em Fortaleza, e apresentada como “integração regional” e impulso ao turismo. Bonito no slide; no canteiro, nada ainda.
Quem deu a letra foi Jorge Bastos, presidente da Infra S.A., estatal encarregada dos estudos. A escolha do trecho se deve à curta distância entre as capitais — e, se “viável”, poderia se estender a Natal (RN) e Maceió (AL). Por ora, tudo em fase de avaliação, sem licença, edital, cronograma executivo ou fonte de custeio definida.
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Nos bastidores, fala-se em mapear interessados e estruturar modelagem até 2026, ainda como parte do PNL 2050. Tradução: o plano existe, mas o trem depende de estudo de demanda, CAPEX, risco cambial (material rodante importado?) e matriz de financiamento num cenário fiscal apertado — especialmente quando o próprio governo desloca prioridade para fechar caixa.
Enquanto portais regionais celebram a “volta dos trilhos”, vale frisar: a vitrine política corre na frente da engenharia. Sem contrato, sem traçado definitivo, sem projeção tarifária e sem integração garantida com sistemas urbanos, o anúncio fica mais perto do marketing do que da obra. O histórico de promessas ferroviárias abandonadas recomenda ceticismo — e auditoria permanente.
Resumo do que há de concreto hoje
• Existe um plano de longo prazo (PNL 2050) em consulta e debates regionais.
• A Infra S.A. recebeu a missão de estudar o eixo Recife–João Pessoa.
• Não há licitação de obras, só intenção de estruturar projeto.
• Extensões a Natal e Maceió são hipótese condicionada à viabilidade.
Se o governo quiser sair da estação do discurso, precisará apresentar, com transparência, estudo de demanda, curva de investimento, fontes (públicas/privadas), cronograma físico-financeiro e metas de integração com terminais rodoviários e redes locais. Até lá, seguimos acompanhando — com lupa.
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