Conhecida como “dama do tráfico amazonense”, Luciane Barbosa Farias participou de audiências com dois secretários e dois diretores do Ministério da Justiça em um período de três meses. A informação foi divulgada pelo jornal O Estado de São Paulo nesta segunda-feira (13). Apesar das visitas, o nome de Luciane não consta das agendas oficiais da pasta chefiada por Flávio Dino.
Segundo o veículo, Luciane é casada há 11 anos com Clemilson dos Santos Farias, o Tio Patinhas, que era considerado o “criminoso número 1” na lista de procurados pela polícia do Amazonas até ser preso em dezembro do ano passado. Luciane e o marido já foram condenados em segunda instância por lavagem de dinheiro, associação para o tráfico e organização criminosa.
Atualmente, Clemilson cumpre 31 anos no presídio de Tefé, no interior do Amazonas, enquanto Luciane foi sentenciada a dez anos e recorre em liberdade.
A violência do marido de Luciane é tal que, em abril de 2019, um homem foi achado morto com um cartaz no rosto que dizia: “Devia Tio Patinhas”. Ele também já posou para uma foto com uma metralhadora de artilharia antiaérea.
Visitas
No dia 19 de março deste ano, Luciane esteve com Elias Vaz, secretário Nacional de Assuntos Legislativos de Flávio Dino. Pouco tempo depois, em 2 de maio, ela se encontrou com Rafael Velasco Brandani, titular da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen).
Em maio, ela entrou no Ministério da Justiça como presidente da Associação Instituto Liberdade do Amazonas (ILA), que foi criada no ano passado. Segundo o Estadão, a ONG é, no papel, uma instituição de defesa dos direitos dos presos e que, segundo a Polícia Civil, atua em prol dos detentos ligados à facção. No entanto, a investigação aponta que a entidade seria financiada com dinheiro do tráfico.
Outro lado
A reportagem do jornal O Estado de São Paulo disse que procurou o Instituto Liberdade do Amazonas por telefone, na tarde da última sexta-feira (10), e posteriormente por email. Uma funcionária teria informado que poderia fornecer o contato de Luciane em nova ligação, mas não atendeu mais.
O Ministério da Justiça, por sua vez, informou que, “no dia 16 de março, a Secretaria de Assuntos Legislativos (SAL) atendeu solicitação de agenda da ANACRIM (Associação Nacional da Advocacia Criminal), com a presença de várias advogadas” e que a “cidadã mencionada no pedido de nota não foi a requerente da audiência, e sim uma entidade de advogados”.
– A presença de acompanhantes é de responsabilidade exclusiva da entidade requerente e das advogadas que se apresentaram como suas dirigentes. Por não se tratar de assunto da pasta, a ANACRIM, que solicitou a agenda, foi orientada a pedir reunião na Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen) – diz o comunicado.
Ainda de acordo com a pasta, a agenda na Senappen e da ANACRIM aconteceu no dia 2 de maio, quando foram apresentadas reivindicações da ANACRIM. Por fim, o ministério disse que “não houve qualquer outro andamento do tema”.
*PN