Na manhã desta sexta-feira (27/1), a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) informou que a chacina que vitimou dez pessoas da mesma família ocorreu por causa de terras em que morava parte da família.
Em coletiva de imprensa realizada nesta manhã, o delegado Ricardo Viana, da 6ª Delegacia de Polícia, informou que a motivação do grupo — formado por Gideon Batista de Menezes, Horácio Carlos Ferreira Barbosa, Fabrício Silva Canhedo, Carlomam dos Santos Nogueira e um adolescente de 17 anos— era a chácara, avaliada em R$ 2 milhões.
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Conforme as investigações, Gideon e Horácio, que eram funcionários de Marcos Antônio Lopes de Oliveira, 54 anos, queriam a chácara para vender em seguida. O plano, então, era assassinar toda a família para tomar posse do imóvel. Eles começaram a planejar a chacina há, pelo menos, três meses, mesmo período em que Horácio alugou uma casa, que, supostamente, serviria como cativeiro.
Em dezembro, a ex-mulher de Marcos, Cláudia Regina Marques de Oliveira, vendeu uma casa por R$ 200 mil. Assim, o plano dos criminosos passou a envolver também a outra família de Marcos.
Membros da família também foram obrigados a passar dados pessoais sobre contas bancárias e cartões de crédito para os criminosos, durante o período que estiveram em cativeiro, segundo os investigadores.
Dinâmica do crime
O plano começou quando Marcos, sua esposa Renata Juliene Belchior, 52 anos, e a filha deles Gabriela Belchior de Oliveira, 25 foram rendidos. O primeiro a ser morto foi Marcos ainda na chácara.
Neste mesmo dia, a ideia dos criminosos era render Marcos, Renata e Gabriela na chácara. Gideon deu acesso a Carloman e ao menor, no intuito de simular um roubo à chácara. Horácio estava no local e fingiu-se de vítima. No entanto, o Marcos reagiu ao suposto assalto e foi atingido por Carloman com um tiro na nuca.
Depois disso, o grupo criminoso levou Renata, Gabriela e Marcos para a casa usada como cativeiro. Na mesma noite, o homem foi esquartejado na cozinha daquela residência por Gideon e Horácio, que enterraram a vítima no local.
Durante a madrugada, o adolescente entrou em pânico, pulou o muro da casa e fugiu.
Já no dia 4 de janeiro, os criminosos levaram Cláudia e a filha dela, Ana Beatriz Marques de Oliveira, para o local do cárcere. Após a venda de uma casa de Cláudia, o grupo simulou, com o celular de Marcos, que Gideon, Horácio e Fabrício ajudariam na mudança para a nova residência da mulher. Quando Cláudia e a filha, Ana Beatriz, entraram na casa nova, foram rendidas por Carloman enquanto os outros fingiam ser vítimas também.
Rendidas, as duas foram levadas ao cativeiro. Renata e Gabriela ficaram em um cômodo e Cláudia e Ana em outro.
No dia 12, Thiago recebeu um bilhete atraindo ele, esposa Elizamar da Silva, 39, e os filhos do casal até a chácara no Itapoã. Chegando ao local, Thiago foi rendido. A cabelereira Elizamar foi ao local após sair do trabalho, à noite, e também acabou rendida.
Uma vez que o adolescente não quis mais participar do crime, o grupo precisou de mais um ajudante: Carlos Henrique Alves da Silva, conhecido como “Galego”.
De lá, criminosos seguiram para Cristalina (GO) com a cabelereira e os três filhos dela, onde asfixiaram as vítimas e queimaram o carro de Elizamar. Thiago continuou no cativeiro.
Na madrugada do dia 14, Renata e Gabriela foram mortas e Unaí (MG). Tanto Carloman quanto Horácio e Gideon participaram do incêndio do veículo. Por conta das queimaduras, este último ficou de fora da execução das outras mortes.
Já Thiago, Cláudia e Ana saíram do cativeiro ainda com vida no dia 15, mas foram esfaqueados na área próxima à cisterna onde seus corpos foram deixados, em Planaltina.
A execução do plano durou 18 dias. Para a PCDF, os executores da chacina fazem parte uma associação criminosa armada.